A VALIDADE DO CONCEITO DE COMPETÊNCIA DISCURSIVA PARA O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA
Marcos
Baltar*
1
Introdução
Procuraremos
apresentar nesse trabalho o conceito de competência
discursiva, desenvolvido a partir de uma discussão prévia do
que é competência, de como esse conceito apareceu na cena
lingüística moderna, e de como foi tratado desde Saussure,
Chomsky, Hymes e, mais recentemente, de como está sendo
tratado pelo sociólogo francês Perrenoud. Para justificar o
termo competência discursiva, traremos à baila as contribuições
dos autores acima citados, associando-as com a noção de
formações sociodiscursivas de Bronckart, oriunda da noção
de formações discursivas de Foucault. Nossa intenção é a
de oportunizar aos professores de língua materna uma reflexão
sobre qual seria seu principal objetivo a atingir com relação
ao ensino-aprendizagem de uma língua e mostrar as vantagens
advindas da compreensão de que a competência discursiva, uma
vez desperta nos alunos e ao longo da vida escolar aprimorada,
pode representar importante ferramenta para realização de
projetos individuais e coletivos em sociedade, já que
qualificaria o aprendiz para enfrentar as relações sociais
que desenvolvem com os seus interlocutores, através das
atividades de linguagem das quais participam, nos mais
variados ambientes discursivos. A apropriação desse conceito
também ampliaria a visão de que a única competência que a
escola deve ensinar em termos de língua materna é a do domínio
da gramática da língua.
A
seguir veremos como o conceito de competência foi apresentado
ao longo do século que passou, desde o início dos estudos
lingüísticos até os nossos dias para entender o que nos
motivou a propor o termo competência discursiva.
2
Saussure, Chomsky e Hymes
Apesar
de não serem equivalentes, pode-se dizer que os conceitos de
competência e de performance derivam dos conceitos
saussureanos de langue e
parole. Chomsky utilizou o conceito de competência como o
conhecimento da língua, e o de performance como o uso da língua.
Mais precisamente como conhecimento da gramática da língua e
a aplicação deste conhecimento, Chomsky (1971) diz:
A
teoria lingüística diz respeito primeiramente a um
falante-ouvinte ideal, em uma comunidade de falantes
completamente homogênea, que conhece perfeitamente sua língua
e não está afetada por condições gramaticalmente
irrelevantes como limitações de memória, distrações,
falta de atenção e de interesse, erros fortuitos, etc., ao
aplicar seu conhecimento da língua numa performance
atualizada.
Entretanto,
as noções de falante ideal, de competência como
conhecimento gramatical e de comunidade lingüística homogênea,
questões centrais na teoria chomskyana, apresentam alguns
problemas. Primeiro, a palavra competência, expressando
conhecimento internalizado sugere que a competência,
entenda-se gramática, seja um modelo lingüístico-psicológico.
Nesta questão Chomsky não logrou êxito, pois, a pesquisa em
psicolingüística, baseada na premissa de que a gramática
transformacional representa a estrutura e a aplicação do
conhecimento lingüístico, não resistiu às limitações do
modelo, que estava ancorado na sintaxe da língua e apresentou
inúmeros problemas quando teve que tratar do nível semântico.
Segundo, como veremos a seguir, em vez de terem uma competência
internalizada, a gramática, os falantes de uma língua, ao
interagirem com outros falantes, utilizam-se de várias competências,
e não apenas uma, estritamente psicolingüística.
Dell
Hymes, outro lingüista norte-americano, desafiou as formulações
de Chomsky baseado no pressuposto de que diferentes pessoas têm
diferentes comandos sobre sua língua. Este ponto de vista o
fez cunhar o termo competência
comunicativa, que parece apresentar um sentido mais
inclusivo, visto que engloba o conjunto inteiro de
conhecimentos: lingüísticos, psicolingüístico, sociolingüísticos
e pragmáticos, além das habilidades que os falantes devem
desenvolver a fim de comunicar-se através da língua. Um
exemplo é a habilidade para falar apropriadamente em
diferentes contextos, para reconhecer diferentes tipos de
textos e lê-los adequadamente.
2.1
Chomsky e Dell Hymes: dois pontos de vista diferentes para a
formulação de uma teoria lingüística
O
primeiro tem como objetivo descobrir na língua suas
propriedades universais relacionando-as com a natureza da
linguagem e com o patrimônio inato da humanidade enquanto espécie.
Entretanto, para estabelecer as formalizações necessárias
para essa teoria lingüística foi necessário abstrair-se de
muitas características das comunidades lingüísticas e da
vida real de seus membros.
O
segundo tem como objetivo descobrir as capacidades dos indivíduos
enquanto membros de uma comunidade lingüística, estudar a
organização dos recursos de fala que os falantes utilizam e
determinar a relação deste domínio dos meios da fala com a
história das comunidades, com o presente e com o futuro da
humanidade. Para isso se faz necessário muito estudo empírico
e uma constante análise comparativa destes estudos. Assim,
teremos uma teoria suficientemente diversa e mais precisa para
se conhecer os fatores que determinam a atualização de uma
competência.
Na
verdade, a formalização necessária para se propor uma
teoria lingüística ainda está restrita ao nível sistêmico
material e estrutural, que provoca uma abstração necessária
mas não suficiente para explicar a língua e as relações
sociais que se estabelecem através dela entre os seus usuários.
Por isso, Hymes considera mais pertinente estender a análise
dos fenômenos de linguagem ao estudo da organização e da
utilização dos recursos de fala dos membros das comunidades
lingüísticas, seus repertórios verbais, seus modos de fala
nas situações mais diversas da interação humana através
da palavra, aproximando os estudos lingüísticos de uma
perspectiva social e concreta das relações humanas.
2.1.1
Hymes versus Chomsky: em busca de uma teoria
O
trabalho de Hymes tem como objetivo principal fazer uma crítica
à lingüística hegemônica proposta por Chomsky, que teve a
adesão da maioria dos lingüistas na década de 60. O ponto
positivo, talvez, de Chomsky seria o de ampliar a visão
anterior do Estruturalismo; ampliar a visão de uma lingüística
imanente para a questão da relação entre os estudos da
linguagem e o comportamento humano, ou da psicologia
cognitivista. Ao contrário disto, a proposta de Hymes indica
outra direção. Trata-se da ampliação do quadro teórico da
lingüística em direção à linguagem como fruto da experiência
social das comunidades de falantes, colocando a pesquisa além
da lingüística imanente e da psicologia mentalista ou
cognitivista. Hymes analisa a questão da competência e da
performance de Chomsky como uso criativo da linguagem,
refutando esta idéia e afirmando que onde Chomsky diz competência
deve-se ler gramática; onde diz performance, deve-se ler
realização psicológica, e onde diz criatividade, deve-se
ler produtividade sintática. Ainda acrescenta que onde diz
apropriação – adequação –, há um problema, pois a
apropriação – adequação – da linguagem implica, na sua
visão, analisar o contexto social, o que Chomsky não faz.
Esta
mudança de visão vai desembocar em outras propostas metodológicas,
o que vai proporcionar o desenvolvimento da Sociolingüística;
notadamente porque começam a surgir conceitos como o de
comunidade lingüística e, também, porque se dá uma maior
ênfase para os falantes individuais dessas comunidades. Nesta
proposta, a gramática passa a ser um modo de organização
entre outros e não mais o único e fundamental modo de
organização de uma língua. É vista como produto de uma
herança cultural e tem cunho especificamente normativo.
A
idéia de Hymes é a de que nós vivemos num mundo do mesmo
modo que nos relacionamos com as questões lingüísticas
deste mundo. Sua tentativa de desenvolver uma lingüística útil
é ancorada no fato de que, em matéria de linguagem, os
problemas teóricos e práticos parecem convergir. Isto quer
dizer que todo trabalho motivado por necessidades práticas
pode contribuir para construir uma teoria que se faz necessária.
Até
então, a lingüística moderna, de acordo com os preceitos
chomskianos tinha um locutor-ouvinte-ideal, pertencente a uma
comunidade lingüística homogênea, que conhece perfeitamente
sua língua e que, quando aplica este conhecimento numa
performance efetiva, não é afetado pelas condições
gramaticais não pertinentes, como distrações, falta de memória,
erros fortuitos, deslocamentos de intenções ou de atenção.
Trata-se de uma competência inata da língua, de uma
capacidade infinita de produzir e de compreender toda a frase
gramaticalmente bem feita na sua língua. Todavia, esta
perspectiva teórica nos leva a crer que todos os falantes de
uma comunidade lingüística são iguais.
Desse
modo, parece muito limitada, principalmente quando defrontamos
este falante homogêneo e ideal com nossos alunos, nas
escolas. Neste caso esta perspectiva teórica tem que ser
revista, e, em seu lugar, deve-se pensar uma teoria que
permita a análise dos falantes de uma língua e de suas produções
lingüísticas – linguajeiras –[1],
na qual os fatores sócio-culturais tenham papel constitutivo.
Para
exemplificar, podemos observar as comunidades indígenas e
suas competências. Umas comunidades conservam, através da
tradição e da memória de alguns falantes mais velhos, o
Discurso Narrativo dos Mitos. Outras, por questões sócio-culturais
– aculturamento – perdem esta competência ou alguns
membros (quase sempre os muito velhos) a mantêm e outros a
perdem. Porém, há uma grande diferença entre o que não é
dito porque não há ocasião de dizer e o que não é dito
porque não se tem meios de dizê-lo. Além do mais, o
processo de integração às comunidades nacionais com
organização social mais complexa cria uma divergência de
competência importante numa comunidade lingüística. Há
também o exemplo dos índios peruanos que abandonaram o Quéchua
em detrimento do Espanhol; ou das diversas etnias de índios
brasileiros que paulatinamente abandonam suas línguas em
favor do Português. Por outro lado, há índios brasileiros,
como os do tronco Aruak, que falam muitas línguas em virtude
de seu sistema de casamento ser exogâmico e, deste modo,
aprendem a língua do cônjuge e dos pais do cônjuge, além
das línguas da comunidade branca com a qual estão em
contato, como o Português e o Espanhol; e, freqüentemente,
de acordo com a região onde vivem, as duas (BALTAR, 1995).
As
comunidades se distinguem umas das outras por seus sistemas de
valores e de crenças que são manifestos pela linguagem e têm
papel fundamental em suas vidas. Elas se distinguem também
quanto aos modos de desenvolvimento do potencial de
produtividade inerente aos sistemas lingüísticos. Isto nos
faz admitir que, para o falante, bem como para a comunidade à
qual ele pertence, a língua é o que aqueles que a falam
podem fazer de seu uso, de acordo com as ocasiões e os
objetivos de usá-la. E, certamente, é possível perceber,
entre os falantes de uma comunidade lingüística dada,
diferenças marcantes no que diz respeito à fluência, ao domínio
e à adequação aos discursos que não são acidentais, mas
fazem parte da atividade linguajeira e da língua em questão,
pois ela existe para que seus falantes interajam entre si.
É
preciso fazer uma distinção entre o potencial infinito e a
equivalência funcional das línguas, enquanto sistemas
formais, e o caráter finito e a não equivalência, que podem
caracterizá-las enquanto meios (instrumentos) de utilização
diante de uma realidade. Uma teoria como a de Chomsky, que
postula um sujeito falante ideal, com um conhecimento perfeito
da língua e supõe uma comunidade lingüística homogênea, não
pode perceber esta distinção, haja vista que torna
invariantes e supérfluas as relações entre os falantes.
Além
disso, uma comunidade lingüística formada por falantes idênticos
parece muito mais com abstração a serviço de uma teoria
qualquer do que com a realidade. É inerente a cada comunidade
a assunção de papéis diferentes definidos pelo convívio
social, de acordo com as instituições sociais vigentes; e a
competência dos falantes está intrinsecamente associada a
esses papéis. Citando Wallace (1961): “uma comunidade não
é uma reprodução da uniformidade, mas a organização do
diverso”. Na verdade, o que garante a existência de uma
comunidade lingüística não é uma língua comum: isto já
foi mostrado por Labov (1966) em suas pesquisas sobre o inglês
falado em Nova Iorque. Para os falantes se comunicarem em uma
determinada língua é necessário mais que simplesmente
conhecerem as mesmas regras gramaticais; é preciso que
partilhem as mesmas regras de conversação, ou ainda, que
conheçam os gêneros textuais apropriados às interações
verbais.
Isto
mostra que toda comunidade lingüística tem uma base social
por natureza, que pode ou não determinar a competência
discursiva de seus falantes. Hymes (1984) fala que “os
membros de uma comunidade lingüística partilham, ao mesmo
tempo, de uma competência de dois tipos: um saber lingüístico
e um saber sociolingüístico, ou ainda, um conhecimento
conjugado das normas gramaticais e das normas de emprego”.
Para Bronckart (1985), os sujeitos que interagem dentro dos
lugares sociais, ou ambientes discursivos, devem ter condições
de saber escolher o gênero textual apropriado para aquela ação
de linguagem e conhecer os mecanismos de textualização, de
enunciação e de planificação dos textos empíricos através
dos quais poderão interagir numa atividade de linguagem.
Um
falante normal de uma comunidade lingüística possui um saber
tocante a todos os aspectos do sistema de comunicação de que
ele dispõe. Ele manifesta este saber quando interpreta e
avalia a conduta de seu interlocutor e de si próprio. Neste
sentido, pode-se admitir a equação saber = competência;
mas, normalmente, competência vai além do saber. Poderia ser
um termo genérico para designar as capacidades dos indivíduos.
Se a competência inclui o saber, ela inclui também uma
capacidade de utilizar este saber, de mobilizar e colocar em
prática este saber. Segundo Bronckart, este conjunto de
capacidades pode ser denominado de domínio
da língua ou manejo
da língua.
Segundo
Goffman (1967), para se falar de domínio da língua deve-se
levar em consideração alguns fatores como a coragem, segurança
em cena, presença de espírito, etc. Outra questão
importante é a da identidade individual e a identificação
de si através dos outros como fatores decisivos na aquisição
de diversos tipos de competências. Isto permite refutar a
tese simplista de que a aquisição da competência é apenas
um fato de maturação e de desenvolvimento; ou ainda: é a
quantidade de exposição à linguagem que determina a fala.
Neste sentido, a noção de domínio e de utilização da língua
como parte da competência nos ajuda a entender melhor o
processo de desenvolvimento sócio-discursivo através da
linguagem.
2.2
Competência, capacidade e comunicação
O
termo capacidade reforça o conceito de competência à medida
que diz respeito ao que os indivíduos podem fazer com os
recursos lingüísticos; o que não é a mesma coisa que o que
o sistema que eles possuem em comum torna possível. Uma vez
admitido que é necessário levar em conta uma gama de
capacidades e não apenas a capacidade concernente ao saber
gramatical, muitos lingüistas decidiram acrescentar ao termo
competência o complemento
de comunicação. Em Campbell e Walles (1970), temos um
caso; eles utilizam esta expressão no contexto da aquisição
da linguagem. Este termo também foi utilizado no contexto de
aprendizado e ensino de língua estrangeira, e, neste domínio,
significa uma capacidade de entrar em interação espontânea
numa situação de comunicação em uma língua dada (SAVIGNON,
1979). Entretanto ela admite que há outro tipo de uso para o
termo competência de comunicação no trecho a seguir:
“[...] os que trabalham em Inglês segunda língua, têm
tendência a utilizar CC no sentido de Hymes. E aqui eles
incluem não somente as formas lingüísticas da língua, mas,
também, as regras sociais, o saber quando, como e com quem é
apropriado utilizar estas formas […] E tudo isso faz parte
da língua ensinada”.
É
interessante que a difusão do termo tenha sido feita por vários
autores ao mesmo tempo, e muitos deles citam o livro de Hymes
de 1971 como texto base. De fato, o que houve foi uma espécie
de consenso entre alguns lingüistas que se recusavam a
aceitar a definição de competência de Chomsky, que gozava
de muito prestígio no momento. Autores como Katz e Fodor
(1962) falavam em capacidades savoir-faire
com o propósito de descobrir “a natureza do controle de sua
língua que possui o locutor falando fluentemente”. Outros
lingüistas introduziram o termo maîtrise
d’une langue: Sinclair (1971) e Teeter (1970). Este último,
falando sobre o trabalho de Bloomfield acrescenta: “[…] nós
podemos distinguir o conhecimento que tem um locutor de uma língua,
do seu domínio – maîtrise – sobre esta língua”.
Há,
também, o termo proficiência, relacionado a questões de
bilingüismo e de ensino de língua segunda. Gorman (1971)
diz: “[…] um locutor proficiente de uma língua dada é um
locutor que possui nesta língua um repertório verbal, cuja
complexidade está em correlação aproximativa com a gama
funcional, ampla ou reduzida, desta língua nos diferentes
grupos em que ele é membro”.
Van
Dijk (1981) fala sobre a equivalência entre as expressões
“savoir-faire e competência: em outros termos, o aprendiz
deveria adquirir uma gama completa de ‘savoir-faire’
comunicacionais, mas, até o momento existem poucos manuais
permitindo colocar em prática de forma sistemática este gênero
de competência de comunicação”.
Quando
alguns autores falam sobre a necessidade de ampliar o sentido
do termo competência, empregado por Chomsky para além do nível
estritamente gramatical, eles falam freqüentemente de um tipo
de adição à competência. Hymes (1984), percebendo isto,
indica três tendências para esta ampliação do termo competência:
Há
os que se interessam pela literatura e utilizam termos como
competência poética, como o alemão M. Bieewisch. Conforme
Fowler (1981), um teórico americano introduziu o conceito de
competência literária para uma discussão crítica e uma
interpretação positiva. No campo da antropologia e do
folclore, McLendon (1977) falou em competência narrativa para
descrever a capacidade de reconhecer diversas versões de
narrativas como resumos de uma mesma história.
A
segunda tendência diz respeito ao uso interpessoal da língua.
Daí vêm os termos:
competência
da conversação de crianças de Keenam (1974). Outros termos
aparecem como competência de interação, Erickson e Shultz
(1981), e competência de situação, Borman (1979). Os
autores que vêm das ciências sociais empregam competência
social, como Edmonson (1981), e Canale e Swain (1981), falam
de competência sociolingüística.
A
terceira tendência está centrada nas diferenças entre os
indivíduos e seus papéis individuais exercidos na sociedade.
Troike
(1977) citou a dificuldade de examinar a competência
receptiva diferentemente da competência produtiva e as relações
de ambas as competências no ensino de aprendizes de origens
diferentes.
Em
resumo, pode-se perceber que há uma gama muito grande de
competências arroladas acima, e parece tácito que não se
pode mais aceitar a visão restrita de uma competência única,
meramente gramatical, já que o domínio do conhecimento é
bem maior quando se fala de capacidades de um indivíduo
falante de uma dada língua. Carrol (1979) diz que construir
uma teoria das competências e das performances bem mais
elaborada das que são oferecidas hoje pela Lingüística e
pela Psicolingüística se faz necessário se quisermos dar
conta de maneira adequada das capacidades lingüísticas, e
deve-se acrescentar aqui: capacidades de linguagem dos indivíduos.
Neste sentido é que Hymes assevera que o termo competência
de comunicação é um termo indispensável para efeito de
generalização. Competência de comunicação deveria, então,
ser entendido como competência NA comunicação e competência
PARA comunicação. A comunicação não é apenas um objetivo
da linguagem, mas um atributo. Toda utilização da linguagem
coloca em jogo esse atributo.
2.3
Competência social; comunidades sociolingüísticas e indivíduos
Milroy
(1981) escreve:
Se
nós queremos estudar a competência devemos estudar dados
concernentes aos indivíduos e não a grupos…estudar não
somente o que os indivíduos conhecem de sua língua, mas como
eles a utilizam, o que eles sabem das diferentes situações
sociais, que significam simbolicamente a identidade social e
como manifestam suas atitudes com relação a esta identidade
social.
Fowler
e Krees (1979) em favor da competência de comunicação
dizem:
É
certo que esta competência de comunicação enriquecida
variará segundo os indivíduos, ao invés de ser a mesma para
todos os membros de uma população lingüística. Assim,
devemos falar do indivíduo como ser socializado e não como
pessoa única.
Filmore
(1977) fala que a dicotomia competência-performance perde seu
valor numa situação em que a utilização da língua tem
papel essencial para a intervenção do locutor numa matriz de
ações humanas. Esta distinção só teria valor num mundo
onde a linguagem é apenas produto para produzir linguagem, ou
seja, o mundo ideal da gramática inata interiorizada de
Chomsky. Ele argumenta dando como exemplo a importância do
conhecimento de fórmulas
já prontas no julgamento do domínio da língua. Estas
expressões são memorizadas e não geradas pela gramática,
ou seja, estão associadas às suas situações de emprego. O
manejo destas fórmulas já prontas pode ser comparado, de uma
maneira mais abrangente, com o que Bakhtin nomeia de
estruturas estáveis da língua. Assim, o domínio do uso de
determinados enunciados ou gêneros discursivos, de acordo com
a situação de uso, vai determinar o nível da competência
de um indivíduo em uma determinada língua. Esta associação
entre fórmulas já prontas, enunciados ou discursos nos
permite utilizar o termo competência
discursiva para falarmos desse domínio de um indivíduo
sobre sua língua. Trata-se da competência de saber
inserir-se em ambientes discursivos estabelecidos pelas
instituições que compõem a vida social de uma comunidade
lingüística manejando os diversos gêneros textuais ou as
estruturas estáveis de Bakhtin, de acordo com a necessidade
de interação social.
Edmonson
(1981) distingue competência de comunicação de competência
social:
A
competência de comunicação pode ser representada por uma série
de regras relativas à codificação e decodificação
controladas por atos de comunicação maiores. Na conversação
efetiva, os membros utilizam ou manipulam essas regras a fim
de atingir alguns objetivos comunicativos e de manter ou
restabelecer a harmonia social. A utilização feita da competência
da comunicação manifesta a competência social de um indivíduo.
Alguns entre nós são mais fortes do que outros neste domínio.
Ele
diz ainda: a variedade das qualidades de interação não
reflete minha competência de comunicação como membro da
comunidade lingüística considerada, ou de um subgrupo desta
comunidade, mas reflete minha competência social enquanto que
membro social individuo.
Berstein
(1981) fala de contexto de comunicação e associa de certo
modo competência à noção de código. Ele postula que, se
todos os falantes elegem um código, em princípio, pressupõe-se
que não haja incompetência de comunicação. Na verdade ele
preocupa-se mais em desenvolver as idéias de classificação
e codificação das línguas, e neste caso, a individualidade
não lhe diz muito respeito. Entretanto, para Hymes, o que
Berstein define como código é muito semelhante à idéia de
diversos tipos de competência de comunicação ligados a
grupos socialmente diferenciados. A organização de
categorias e de atividades (classificação e codificação),
que ele considera como fundamental na reprodução das diferenças
de classe, pode ser aproximada da dimensão que sustenta e
informa os modos de falar, onde falar deve ser entendido como
comunicar.
2.4
Competência, tipos de saber e fontes de saber
Muitos
lingüistas adotam a posição de que manejar uma língua
revela uma capacidade e consideram que essa capacidade é um
tipo de saber. Estabeleceu-se uma distinção entre saber que e saber como e
colocou-se em evidência o saber como.
Outros colocaram esses dois tipos de saber dentro da competência
de comunicação. Hudson (1981) sugere que a capacidade é um
termo mais adequado para designar a utilização apropriada
das formas lingüísticas. Hymes chamou a atenção para o que
é intuitivo e inferível e o que é observável. Ele afirma
que mesmo os trabalhos que seguem orientação observacional
lançam mão de uma capacidade intuitiva e acrescenta, por
outro lado, que a intuição jamais conseguirá apreender as
realidades da linguagem no espaço e no tempo. Então as divisões
maiores são entre o saber que
e o saber como, e o
saber intuitivo inferível
e o saber observável dedutivo.
Entretanto, na sua concepção, o objetivo é o de compreender
as capacidades dos membros de uma comunidade lingüística.
Do
ponto de vista da competência da comunicação, deve-se levar
em conta as idéias dos usuários quanto ao que é considerado
saber. Não se pode ficar dentro de um ponto de vista estreito
de lingüística, segundo o qual o que não está de acordo
com a gramática deva ser descartado. Com as contribuições
dos usuários podemos perceber como as mudanças lingüísticas
ocorrem e como as capacidades de manejo da língua evoluem; em
suma, como uma comunidade e seus indivíduos se modificam ao
longo do tempo. O que se tem feito, notadamente, no campo
educacional é colocar-se como mediador entre o que as pessoas
sabem e o que se pensa que elas deveriam saber. Hymes propõe
uma reflexão entre as idéias de um lingüista e as idéias
dos membros de uma comunidade para que se possa entender o que
é competência comunicativa no interior desta comunidade, e
com isso perceber em que essa comunidade se parece ou se
distingue com outras. Não se deve aceitar a noção de um
saber prévio, estanque, que é como colocar em prática
algumas regras. Deve-se incluir o saber numa perspectiva dialética
de sua relação com a experiência e com a vida social.
2.5
Competência social; competência de comunicação: competência
sociolingüística
Cicourel
(1981) estabelece uma relação entre competência
social e competência
de comunicação e define a primeira como um saber
relativo aos valores, normas e práticas institucionais. Com
relação aos valores e crenças de uma sociedade, há de se
levar em conta que eles podem mudar independentemente dos
recursos de fala e de sua utilização. As representações
podem manter-se as mesmas enquanto que os recursos lingüísticos
mudam. Schmidt (1973) incorpora competência lingüística
como fazendo parte da competência de comunicação. Na
verdade, para se falar em competência de comunicação, na
perspectiva de Hymes, ao mesmo tempo que é necessário
direcionar o olhar para a comunidade lingüística como um
sistema heterogêneo organizado, portador de valores, crenças,
hábitos e atitudes, é necessário também jogar luz sobre os
indivíduos que dela fazem parte. É necessário perceber como
eles lançam mão das capacidades de manejo dos recursos lingüísticos,
como a presença do interlocutor e do meio é determinante
para a prática destes saberes e como estes saberes são
desenvolvidos à medida que este indivíduo se relaciona com
sua comunidade e consigo mesmo, entendendo-se como um membro
pertencente à comunidade, e, portanto, com identidade em relação
aos outros membros.
2.6
Voz e competências: comunicativa, social e discursiva
Um
conceito importante desenvolvido por Berstein é o de voz.
No sentido de vozes dominantes e dominadas. Hymes considera
que este conceito não deveria ficar preso somente às
hierarquias sociais (dominante – com voz/dominado – sem
voz), mas pensar no tipo de voz
a que as comunidades lingüísticas dão vida. Ele liga a noção
de voz às identidades e aos papéis sociais desempenhados
pelos falantes. Essa análise exigiria a representação de
uma gama de identidades e a concepção de sociedade como uma
cena de teatro na qual os papéis são representados, e uns são
bem-vindos e outros não. O conceito de voz coloca em relevo a
relação competência social e competência
individual e indica as mudanças não apenas das línguas,
mas sobretudo das sociedades.
Em
1979, Hymes escreveu em um compêndio organizado por Filmore,
Kempler e Wang: “[...] a questão crítica para um
tratamento das diferenças individuais como problemas de
competência e de significação social é a seguinte: qual é
a relação entre a distribuição atual da competência
individual na nossa sociedade e a distribuição e a organização
que nós gostaríamos de ver? E como poderíamos passar de uma
para outra?”. A diferença de voz é um dado natural, mas não
a realização desta voz. Uma das maneiras de pensar uma
sociedade consiste em interrogar-se sobre as vozes que ela
possui e sobre quais ela poderia possuir. Aqui se pode fazer
de novo analogia com a noção de Bakhtin e de Bronckart de
discursos sociais e ambientes discursivos ligados às instituições
sociais. Cada instituição social de uma comunidade dada faz
valer sua voz. As comunidades elegem vozes segundo suas
necessidades, objetivos em comum. Cada voz fala por si e freqüentemente
uma sobrepõe-se a outra ou a outras.
Enxergar
essa divisão tênue das vozes sociais, das instituições que
as sustentam é uma forma de competência que queremos nomear
de competência
discursiva. Falar em competência discursiva nos parece
mais apropriado do que falar da competência comunicativa de
Hymes ou da competência social de Milroy, Edmonson e Cicourel,
visto que sempre que há interação verbal, esta interação
se faz num mundo discursivo dado, conforme as formações sócio-discursivas
de Bronckart[2].
Esse mundo que está ligado a uma instituição social dada,
com seus gêneros textuais e tipos de discursos específicos.
Os falantes de uma língua devem buscar aprimorar sua competência
discursiva para agir através da linguagem em diferentes domínios
discursivos e perceber a interdiscursividade que está
presente nas relações sociais.
Em
suma, sugerimos que a concepção de competência desenvolvida
por Hymes, associada à comunicação e à ação, deve ser
estudada com muito zelo, pois contribuiu muito na compreensão
do que é linguagem e seu uso por falantes individuais dentro
de comunidades lingüísticas heterogêneas. Além disso,
restabeleceu a relação entre linguagem e vida social, que
Chomsky havia refutado, com o propósito de desenvolver sua
gramática gerativa transformacional, ancorada em abstrações
que, a serviço de suas formulações teóricas, afastava a
lingüística das contribuições sobre o funcionamento da
linguagem em sociedade. Acreditamos que, ancorados nos
pressupostos de Hymes, podemos seguir adiante com nossa idéia
de associar competência a discurso e a instituições
sociais, aproximando-nos, assim, de autores como Bakhtin,
quando se trata de gêneros discursivos, e de Bronckart,
quando fala nos gêneros textuais oriundos das diversas formações
sócio-discursivas que existem em uma sociedade, nos seus
interdiscursos e intertextos e na assunção dos falantes dos
seus papéis sociais.
2.7
A noção de competência de Perrenoud
Com
uma abordagem um pouco diferente da abordagem de um lingüista,
o sociólogo Philippe Perrenoud (1999, 2000, 2002) propõe que
os alunos deverão ser capazes de mobilizar suas aquisições
escolares dentro e fora da escola, em situações diversas,
complexas, imprevisíveis. Para tanto, os educadores precisam
propiciar momentos em sala de aula, ou até mesmo fora dela,
durante a formação escolar dos alunos, para que estes possam
desenvolver suas competências. Ele diz: “Competência em
educação é mobilizar um conjunto de saberes para solucionar
com eficácia uma série de situações”.
No
livro Construir as
competências desde a escola, Perrenoud defende uma prática
de ensino adequada à competência que se constrói
semelhantemente à prática da língua estrangeira, que lança
mão das mais variadas situações de interação em
detrimento de um ensino voltado para as regras gramaticais e
ou listas de vocabulários. Ele diz: “[...] situações
reais de conversação e estágios em países onde se fala a língua
estudada são mais proveitosos do que oito anos de aulas de
memorização de estruturas”.
Esse
autor, mesmo que em um âmbito mais geral, reafirma a tese de
que são as situações reais de comunicação; diríamos, são
as atividades legítimas de linguagem que permitem que os usuários
de uma língua, na oralidade ou na escrita, desenvolvam
determinados esquemas de uso, de acordo com o registro formal
ou informal, com o conteúdo temático, associando-os aos
ambientes discursivos, de acordo com o nível de expectativa
de seu interlocutor em relação a sua produção textual. Em
síntese: “[...] só há competência estabilizada quando a
mobilização dos conhecimentos supera o tatear reflexivo ao
alcance de cada um e aciona esquemas constituídos. Tais
esquemas são adquiridos pela prática, o que não quer dizer
que não se apóiem em nenhuma teoria”. Perrenoud explica
que mobilizar esquemas não é o mesmo que competência. A
competência vai além da mobilização de esquemas. A competência
se verifica quando alguém dispõe de algum esquema em uma
situação de interação dada, em uma situação concreta de
uso da língua. Isto pode implicar uma adaptação (acomodações
menores) de um esquema constituído através da repetição ou
do hábito. Por exemplo, o esquema elementar de beber num copo
ajusta-se a copos das mais variadas formas, como taças,
canecos, etc. Na verdade, os esquemas para Perrenoud são
ferramentas flexíveis que se podem utilizar, de acordo com as
situações. Quanto maior o manejo, maior a competência.
Trazendo
isso para o campo da linguagem diríamos que a competência
discursiva é a capacidade de mobilizar saberes das mais
variadas ordens. Desde a apropriação dos elementos
cotextuais dos gêneros textuais: unidade composicional,
unidade temática e estilo ou a escolha das unidades lingüísticas
a serviço da textualização; até a apropriação dos
elementos contextuais que envolvem uma atividade de linguagem:
o conhecimento do ambiente discursivo onde se dá a interação,
o conhecimento das posições de sujeito dos interlocutores,
etc. Trata-se de mobilizar recursos de vários níveis para,
através de um texto empírico, interagir sócio-discursivamente.
Assim,
parece que esta concepção de competência
discursiva nos permite entender o jogo social que é
jogado nas atividades de linguagem entre os falantes de uma língua
dentro de uma comunidade lingüística dada, ou melhor, dentro
das diversas instituições que existem em uma dada sociedade.
Nos permite ainda transitar de uma instituição a outra, uma
vez que se aperceba a diversidade dos gêneros textuais que
predominam nesses diversos ambientes discursivos das diversas
instituições sociais. Esse conceito talvez se aproxime do
que Perrenoud tem se referido como a capacidade de transferência, que deveria ser o objetivo do fazer pedagógico. A
capacidade de organizar e de atualizar saberes desenvolvidos
dentro do ambiente discursivo escolar, nas mais variadas situações
de prática social que ocorrem na sociedade, portanto dentro
dos diversos ambientes discursivos.
3
Considerações finais
Enfim,
este trabalho procurou esclarecer qual a noção de competência
que consideramos mais adequada para a condução de uma
pedagogia da linguagem. A partir da análise e da síntese das
diversas visões de competência, chegamos ao que estamos
chamando de competência discursiva escrita. Trata-se de
mobilizar recursos de vários níveis para, através da produção
e da recepção de um texto empírico, interagir sócio-discursivamente.
Mobilizar esses recursos implica o conhecimento e a escolha
dos gêneros textuais presentes nos ambientes discursivos;
implica o domínio das estruturas estáveis que compõem esses
gêneros; implica o conhecimento dos mecanismos de textualização
e de enunciação, implica a capacidade de mobilizar conteúdos
temáticos tendo em vista o ambiente discursivo e as posições
de sujeito de seus interlocutores; por fim, implica a
capacidade de transferir saberes oriundos de uma trabalho de
ensino-aprendizagem num ambiente escolar para poder transitar
em outros ambientes discursivos.
Então,
no âmbito do ensino de língua materna, entender essa competência
discursiva para socializar com os aprendizes a noção de como
funcionam as relações sociais de uma comunidade lingüística,
que se dão através da linguagem, parece que deve ser uma
tarefa que os professores de língua devam empreender, em
lugar de estipularem como horizonte de aprendizado escolar o
conhecimento estanque de uma gramática. Este, como foi visto,
é apenas um elemento a ser levado em consideração, no
quadro das competências que se atualizam quando os falantes
entram em interação através das atividades de linguagem.
Um
aluno que passa por essa experiência de trabalhar sua competência
discursiva terá mais chance de entender a complexidade que
está em jogo a cada interação entre os usuários de uma língua,
a cada evento discursivo, a cada atividade de linguagem da
qual participa.
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